quem conta um conto acrescenta um ponto.
hoje desafio-vos a contar uma história dando seguimento
ao que cada pessoa acrescentar em, no máximo, 200 palavras.
este conto teve início a 01 de Dezembro e termina a 21 de Dezembro de 2020.
IMPORTANTE: publica o link deste post, para quem nos lê ter acesso ao conto todo.
ATENÇÃO: o narrador escreve na primeira pessoa.
eis o início da nossa história.. querida bii yue desafio-te a continuar. para não haver mais do que
uma pessoa a escrever cada capítulo, cada autor tem de convidar quem o segue,
ou dar a vez a quem o contactar voluntariando-se. gostava de ter capítulos de três em três dias.
entro no supermercado e vou directa ao frasco de desinfectante de mãos. de repente um estrondo: TUM! e o frasco abana no seu pedestal.. TUM.. TUM..TUM.. parece que um gigante se aproxima. só se ouvem gritos e gente a correr em todas as direcções. enquanto um vozeirão diz: tenham calma, ainda os piso. com toda a naturalidade saio do supermercado, com a mão na anca e questiono: quem és tu agora? com uma enorme gargalhada faz toda a gente desmaiar. porque é que não me lembrei disto antes! assim não piso ninguém. mais uma gargalhada. cruzo os braços e digo: és o gigante Feliz, está visto. diz-me o que se passa. o Mestre quer falar contigo. levanto vôo e pouso-lhe no ombro. vê se caminhas devagar, estás a estragar o asfalto todo. ele sopra o pó azul turquesa, abre o vórtice da felicidade e saímos da terceira dimensão em direcção ao mundo da magia.
Mestre, Mestre! Chamou-me? Estava no supermercado e depois apareceu o Feliz e depois... Com serenidade e calma continua a beber o seu chá. Eu sei, tiveste um glance das diversas realidades a convergirem numa só. Aponta para o canto amontoado de livros. Resignada vou sentar-me e retomo o estudo. Os Pandas gigantes são mesmo reais! Estamos quase a fazer um século que criámos as proteções na terra e tanto ficou por explorar. Acaba a tua lição, descansa o resto do dia e amanhã logo descobrirás uma nova verdade. Chá bebido, começa a preparar tudo para o ritual que vai mudar a história da humanidade.
Aurindo acordou estremunhado. Parecia que o chamavam. Levantou-se da cama e espreitou pela janela. Nevava!
Sorriu um pouco e exclamou para si mesmo:
- A neve é a rainha da beleza da natureza.
Depois voltou para a cama. Todavia ainda não havia cerrado os olhos e já escutava o seu nome, uma vez mais!
- Mas estão a chamar-me… Quem será?
Ergueu-se da cama e sentou-se à beira tentando perceber donde vinha o chamamento.
- Aurindo, Auriiiiiiindo…
- Ai, ai, ai, ai que estou a ficar doido. Agora oiço vozes dentro da minha cabeça… Como pode ser?
De súbito a janela abriu-se com estrondo e violência deixando que a neve e o vento entrassem livremente. Assustado Aurindo levantou-se repentinamente da sua cama para fechar a vidraça quando olhou para o horizonte. Em primeiro plano podia perceber as luzes da cidade onde vivia semi adormecida, mais distante as copas de umas árvores que pareciam ranger ao peso de tanta neve. Todavia o mais estranho era aquela imagem que o céu lhe apresentava: de um enorme buraco feito no negro das nuvens surgia uma luz forte.
De cor azul turquesa.
de um azul turquesa tão forte, que tudo à volta ficava cada vez mais azul à medida que a luz aumentava.
-Sr. Aurindo, Sr. Aurindo, já está, a operação já acabou e correu tudo muito bem.
Abri os olhos e vi a cara da enfermeira Mónica, uma cara simpática e afável que me devolveu um pouco da confiança perdida no momento de adormecer na marquesa da sala de operações.
Relembrei as alucinações mirabolantes que tinham acontecido com a anestesia, e fiquei satisfeito por tudo já ter passado.
O importante agora será recuperar desta cirurgia a...
O importante agora será recuperar desta cirurgia a tempo de regressar a casa antes do Natal!
Perguntei à enfermeira quantos dias teria de ficar no hospital e fui informado que, na manhã seguinte, receberia a visita da equipa médica que iria avaliar o meu estado clínico e decidir se poderia regressar a casa.
Cerca das 9 horas, dois médicos entraram no quarto, perguntaram-me como tinha passado a noite e se tinha dores. Respondi que dormi toda a noite e que me sentia óptimo, prontinho para ir para casa.
Um dos médicos auscultou-me e disse-me que tinha alta.
Passados poucos minutos, surgiu a enfermeira com uma receita para aviar na farmácia. Disse-me que já havia contactado a minha neta e que ela viria buscar-me nas próximas horas.
Senti-me feliz e grato por poder regressar ao meu refúgio, ao meu mundo mágico...
Fechei os olhos, sorri e comecei a visualizar a decoração natalícia, que invadia cada canto da nossa casa, de onde emergia uma luz vibrante... azul turquesa, como o MAR...
De todos os netos com que a vida me brindou, Aurora era sem dúvida a minha preferida.
Era a sonhadora, a distraída na infância, a adolescente tímida, a agora futura enfermeira.
E agora aí vinha ela, de sorriso divertido, a cumprimentar toda a gente no hospital para depois me levar até ao meu mundo mágico; mas até estar recuperado não me vai deixar sair debaixo da asa dela.
Aurora. A menina dos olhos banais, lábios carnudos e tão credúla na magia quanto eu.
Por isso, foi sem surpresa que a ouvi dizer, quando já iámos a caminho de casa:
-Avô, eu vi elfos no jardim...
CONTINUAÇÃO PELA LUÍSA DE SOUSAFechei os olhos, sorri e comecei a visualizar a decoração natalícia, que invadia cada canto da nossa casa, de onde emergia uma luz vibrante... azul turquesa, como o MAR ... o Reino da Fantasia.
A viagem de regresso a casa durou toda a noite.
Ao amanhecer sobrevoei o Reino dos Gigantes, uma brilhante e gélida colina, de onde emergiam enormes criaturas tão altas como os arranha-céus de Nova Iorque.
Aurindo gostaria de descer para os abraçar mas era impossível. O frio era tanto que condensava os gestos e as palavras, e estaria a esgotar o tempo que tinha. Ficaria para outra ocasião!
Consultei o relógio de bolso e constatei que era tarde.
Queria chegar a casa antes do pôr-do-sol.
Esta viagem estava a tornar-se um pesadelo. O céu estava a tornar-se cada vez mais fumarento (ou seriam nuvens negras?), o ar cada vez mais irrespirável ... e eu sozinho num imenso deserto de gelo e de fogo.
Como é possível haver gelo e fogo no mesmo deserto?
Fiquei por momentos a admirar o deslumbrante panorama à minha volta,
e cheio de coragem ...
Fui baixando a altitude, lentamente, até estar praticamente a voar raso ao chão.
Aquela paisagem tão agreste parecia chamar por mim...
Aterrámos; pela primeira vez na vida não tive medo de não cumprir um plano a risca.
Aurindo e eu caminhámos por um bom bocado, até sentirmos passos e respirações atrás de nós.
Estacámos o passo; o medo invadiu-nos por um instante. Até que finalmente encarámos quem estava na nossa retaguarda...
Uma centena de criaturinhas com aspeto de flor e com um irresistível sorriso, que soltou um bem audível "ahhhhh" de admiração.
-Festa!- gritou a floreada multidão.
Entreolhámo-nos; e fomos.
Fomos levados até uma clareira onde havia a árvore de Natal mais bonita que eu já vira. Havia um ringue de gelo onde pequenas criaturas parecidas a uma flor de Lótus patinavam.
A um canto, um grupo de flores mais mirradas falava azedamente.
O sentimento de maravilha era indescritível...
De repente gerou-se um burburim na clareira, as mirradas tinham feito um motim e colocaram fogo a um carrinho de hamburgers.
Elas gritavam energeticamente "Quero-mos sardinhas fritas com molho de escabeche, também temos direito".
Aurindo meio zonzo e assustado com as chamas e o fumo, lembrou-se que poderia voar até ao Mercado do Bolhão para ir buscar sardinhas e assim iria conseguir salvar a festa.
CONTINUAÇÃO PELA MARIANA
só queríamos uns dois quilos de sardinhaE assim foi. Aurindo levantou voo em direção ao Mercado do Bolhão em busca das sardinhas e eu fui atrás antes que ele se perdesse no caminho – de Lisboa ao Porto ainda é um esticão.
A meio da viagem começou a chover. Não seria um problema se a chuva não viesse acompanhada por trovoada. De repente um clarão gigante. Um clarão maior do que todos os outros. Senti um puxão. Andei às voltas, às voltas… Tentei agarrar-me a Aurindo, mas também ele às voltas andava. Até que... Tudo escuro.
Acordo atordoada. Onde estou? Não sei. Onde está Aurindo? Também não sei, mas preciso de o encontrar urgentemente. Olho em volta assustada sem uma única referência que me faça sentir segura. Uma das minhas asinhas está partida. Não consigo mais voar! Levanto-me devagar e começo a caminhar na tentativa de perceber o que se passa. Pessoas que falam de forma estranha e usam roupas ainda mais estranhas, carroças, um castelo… Espera! Um castelo? Com guardas e tudo?!
Não é preciso muito, eu já entendi: viemos parar à Idade Média!
Respiro fundo e procuro acalmar-me, o coração a bater-me rapidamente contra o peito ansioso. Não me permito a mim mesma entrar em pânico, apesar das poucas informações que possuo: estou perdida geográfica e temporalmente, o Aurindo não está comigo e não consigo voar.
Aurindo. Se ele foi apanhado naquela tempestade estranha... Estará bem? Ter-se-á magoado? Estará vivo? Ou será que viajou como eu? Se tiver viajado... Para onde? E pior, para quando? Se eu estou na Idade Média, em que outro mundo ou época estará ele?
Mas que raios está a acontecer? penso para mim mesma. Quase de imediato, oiço a voz do Mestre na minha cabeça. Amanhã logo descobrirás uma nova verdade, disse-me ele. Referir-se-ia a isto? Não me podia ter dado um aviso? Algo menos... críptico?
Não estou pronta. Tento lembrar-me das nossas lições, mas todos os meus estudos e treinos parecem inúteis agora.
Suspirei e olho em volta, examinando a muralha de parede. Apercebo-me de que um guarda me observa, olhos redondos e negros curiosos. Começo a aproximar-me dele, apresentando-me, mas algo me faz estacar no chão.
Aqueles olhos não são humanos.
Os Pandas Gigantes são mesmo reais.Feliz! gritei, abri os braços e corri para o abraçar. ele devolveu o aconchego e ficámos assim alguns minutos. era como um lavar de alma, das preocupações, dos desencontros, da certeza que ia voltar a ver o Mestre. as fadinhas das flores deram-me estas asinhas mas uma partiu-se. ele tirou a estrutura dos meus ombros e disse: Aurora, estes dias de desvario fizeram-te mal aos miolos. tu sempre pudeste voar e sempre voaste livremente. ri-me, era como se todas as lições do Mestre despertassem em mim novamente.
ajudas-me a encontrar o meu avô ou tens de estar aqui de sentinela? estava só à espera que me reconhecesses. vamos, eu sei onde ele está. e levantámos vôo. encontrámo-lo a regatear o preço das sardinhas, audivelmente. avô, deixa o meu amigo tratar disso. mal viram um gigante, largaram o saco das sardinhas aos pés do meu avô e zarparam. é teu amigo? só pode ser boa pessoa, concluiu.
de repente um portal de luz dourada começou a abrir-se à nossa frente e adivinhava-se um vulto que emanava a energia de um sol. primeiro era só luz, depois começaram a delimitar-se os contornos e finalmente apareceu uma velhinha com um sorriso e uns olhos que brilhavam. AVÓ! gritei. e Mãe Natal, querida Aurora, disse, acariciando-me o rosto. e tudo começou a encaixar e as memórias despertaram e quando olhei para o meu avó lá estavam as barbas brancas e o mesmo brilho no sorriso. HO! HO! HO! disse ele piscando-me o olho. estava a ver que essa amnésia nunca mais se curava, riu a Mãe Natal.
NOTA: os humanos falam em itálico, os gigantes em negrito e o Mestre fala em sublinhado.
THE END