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© os desafios da abelha

se te sentes sem inspiração para escrever, aqui há muitas ideias. "os desafios da Abelha" - todos criados por mim - não têm limite temporal, podes participar quando quiseres.

© os desafios da abelha

15
Jan21

conta a história que esta foto te inspira

Ana a Abelha

conta a tua história desta foto

 

hoje desafio-te a escrever a história que esta foto te inspira. no máximo: 200 palavras.

IMPORTANTE: publica o link deste post, para quem nos lê ter acesso a todas as histórias.

este desafio teve início a 15 de Janeiro de 2021 e será deixado a vogar
pela blogosfera para todos os que lhe quiserem dar continuidade.

ATENÇÃO!
A PARTIR DE AGORA OS TEXTOS SERÃO PUBLICADOS DE MODO
ASCENDENTE, PARA QUE O MAIS RECENTE SEJA SEMPRE O PRIMEIRO.

 

 A HISTÓRIA DA ALICE BARCELLOS

Podíamos ser nós. Sempre que vejo aquelas fotografias clichés de grávidas penso nisso.

Quando vi os dois tracinhos no teste comecei a criar expectativas. É inevitável, como quase em tudo na vida. Vivemos a alimentar expectativas do que ainda não aconteceu. Quando é algo que nos deixa felizes, a felicidade ofusca-nos a visão e não cogitamos a hipótese de que nem tudo corre como imaginamos.

Podíamos ser nós a tirar aquela foto com as mãos na barriga grande, com aquela aura de amor que envolve os futuros pais, como se tudo fosse perfeito naquele instante de espera pelo maior milagre da vida. Mas não aconteceu.

Quando não encontrei o que esperava ver na ultrassonografia, as minhas expectativas desmoronaram, como um castelo de cartas que é levado pelo vento. O meu mundo caiu naquele dia, inundado por lágrimas que brotavam de forma involuntária, tal como tudo o que teve de sair.

A tristeza é sempre a última a ir embora. O tempo cura quase tudo e a natureza sabe o que faz. As lágrimas ainda regressam, às vezes, sem pedir licença. E, quando vejo aquelas fotografias bonitas de grávidas, penso: um dia, quem sabe, seremos nós.

 

NOTA DA AUTORA SOBRE ESTE DESAFIO 

Fiquei a ponderar muito quando vi a imagem proposta no desafio. Se havia de resumir esta minha história em 200 palavras, se havia de contá-la assim, sem floreados, se queria partilhar este episódio com o “mundo”. Mas a ideia foi ganhando forma e resolvi escrever. A escrita é sempre uma mão amiga nos momentos mais difíceis. Quer seja a ler ou a escrever, as palavras são um conforto e um escape. Não sei se este texto vai chegar a mulheres que já passaram por um aborto espontâneo, mas, se chegar, saibam que não estão sozinhas e que a dor vai perdendo força quando é compartilhada.

 

A HISTÓRIA DO CRISTÓVÃO NOGUEIRA

Ventre da minha mãe.
Aqui me encontro fechado.
Sentindo o amor dos meus pais.
Aguardo para ver o que está do outro lado.
Ainda não vi o mundo
e toda a sua beleza.
Doce voz da minha mãe,
em toda a sua sutileza,
sussurra pela minha saúde
e pela minha felicidade.
Dádiva que sinto
cada vez que a ouço falar comigo.
Conto os dias para ver
a cara do meu porto de abrigo.
Ouço a voz de um homem.
Certamente será o meu pai.
Esta voz transmite segurança,
firmeza e confiança.
Terá cabelo curto ou comprido?
Será magrinho ou gorduchão?
Terá aquela barba que pica?
Ou daquela que faz comichão?
Irei amar o meu pai seja como for.
Tal como amarei a minha mãe.
Ainda não nasci e já sinto que
me amam como mais ninguém.

 

A HISTÓRIA DA IMSILVA

 

Filho;

A mim já me conheces, pois durante 9 meses fizeste parte de todos os meus pensamentos e sentimentos.

Ao teu pai com certeza que também, pois é aquela pessoa que através de mim tomou conhecimento de ti e posso assegurar-te que também os seus pensamentos estão virados para a tua pequena pessoa que tantas vezes ele sentiu através da minha própria pele.

Sabes que te esperamos com impaciência e quase, quase desespero?

Não é que eu não goste de te ter dentro de mim, isso é algo de tão magnífico e fantástico, que nem se pode explicar ou dar a entender. Mas é que a altura passou a ser outra, queremos ver-te, tocar-te, pele a pele, começar-mos a viver a três, apesar de já o sermos há bastante tempo.

É porque assim fazes-me chorar, não por mal, mas porque provoca-me angustia não te ter cá fora.

Por favor filho, ajuda-me, acho que não estou a ter muita força nestes momentos finais em que me deveria sentir mais forte do que nunca, para te receber nos meus braços.

Espero que me possas compreender e desculpar por este pequeno desabafo, que no fundo vai cheio de amor e ânsia em te abraçar. 

A tua mãe

 

A HISTÓRIA DO ETAN COHEN

Não sei a que horas te concebemos

Doce menina que nadas nas águas da tua mãe

Já tenho os beijos prontos para dar

Nessa tua jovem pele

Que é tanto minha como da mãe

 

Sorriso cúmplice que da barriga se anuncia

Mas da alma que é donde ele se alevanta

Das gentes apaixonadas

Que não têm medo de nada,

E que mesmo não tendo nada,

Apenas o Amor, um pelo outro

Sorriem de júbilo

 

Clamo ao anunciar-te

Minha suave e bela menina

Que te dás à estampa

Neste pai e mãe

Tão babados

Que chega a ser comovente ver-nos

Neste sorriso tão contagiante

 

Happy hour

Querida Penélope

Cuida dessa nossa menina

Como se uma abelhinha fosse

Que nascerá a boas horas

Para se não render jamais ao trivial

 

E sinto, sim,

Já lhe sinto essa tão pequenina cabecinha!

 
 
 
O que tornava diferente a sua felicidade não era o amor que os colocou frente a frente.
 
Nem a praia em se tinham conhecido, que deixava a pele salgada e quente, a provocar um arrepio quando a ponta da língua a tocava.
 
Nem sequer as noites de aconchego, quando vieram os Invernos e dormiam num encaixe perfeito e suave... que se tornava firme, quando um deles estremecia num sono mais agitado e o outro o apertava, forte. Para logo regressarem os dois ao conforto do abandono.
 
Não era também a vida que crescia no corpo de um e coração dos dois. E lhes trazia a imensa tarefa de ajudar a crescer um ser que acrescentasse algo de bom a este mundo. 
 
O que os tornava diferentes, é que eram felizes e sabiam-no.
E este, o mais importante dos saberes, tornava cada instante único e cada dia vivido em pleno...
 
O segredo de um futuro de pazes feitas com o passado é ter vivido no presente, plenamente, todos os instantes de felicidade que se atravessam.
 
 
O amor que os unia era forte. Daquele que custa acreditar que exista realmente, que todos gostávamos de viver. Mas, como nem tudo na vida é um mar de rosas, eles sofriam por não conseguir multiplicar o forte amor que sentiam um pelo outro. Sofriam por todas as tentativas falhadas de criar um ser para partilhar do seu amor. Queriam muito ter um bebé, mas a vida não queria. Tentativa após tentativa, eles perdiam. Queriam muito e, por isso, não desistiam. Nunca deixaram morrer a esperança. Nunca permitiram que as constantes perdas os abalassem. Seguiam tentando, com fé e com todo o amor que os unia ficando mais forte a cada tentativa e a cada perda. Até que um dia a esperança, a fé e o amor venceram. Contra todas as possibilidades, num dia quente de Primavera, enquanto esperavam mais uma notícia triste, mais uma falha, mais dor e mais perda, o médico deu-lhes a novidade: eram dois, e finalmente chegariam. A felicidade que carregam, juntos, é visível na fotografia. O amor que os une ficou ainda mais forte. Pronto para ser partilhado e multiplicado, mostrando ao mundo que o amor e a esperança podem vencer tudo.
 
 
 

Ela entrou devagar no estabelecimento e esperou que o companheiro estivesse livre.

Calcorreou por entre mesas e cadeiras, para finalmente se sentar. A criança já começava a pesar…

Ele ainda não a vira pois estava de costas, mas quando a percebeu no fundo da sala foi ter com ela com um sorriso aberto.

- Viva, vieste cedo… - disse ele.

- Olá amor… A médica despachou-me num instante.

- E…

- E o quê?

- Tu não ias saber o sexo da criança?

- Ia.

- Então…

- Podemos ir para um lugar mais sossegado?

- Claro, vem comigo…

Atravessaram a sala e num recanto onde se distinguia um quadro de ardósia ela comunicou:

- Uma menina… Vais ser pai de uma menina.

Um enorme sorriso aflorou aos lábios dele e depois dela e ambos riram. Ele afagou a barriga já volumosa da companheira e declarou entre risos:

- Já pensaste num nome?

- Já…

- Ana, chamar-se-á Ana!

- Concordas?

- Claro que sim.

 

quando uma fada e um elfo se enamoram e crêem ser amor verdadeiro o que os une, têm de deixar o reino da magia e viver entre os humanos. se chegarem à conclusão que foi apenas um lusco-fusco das partidas que os pirilampos gostam de pregar, o mundo da magia recebe-os de braços abertos.

este é um caso raro! uma fada grávida! normalmente, quanto mais a gravidez se desenvolve mais o elfo e a fada vão esquecendo a dimensão que os uniu. e quando vêem o universo nos olhos do seu bebé a ligação ao reino da magia esvanece. no entanto, nenhum deles está a perder as memórias.

nem os símbolos das iniciações que viveram estão a desaparecer dos seus corpos. tudo indica que um elfo e uma fada voltarão ao reino da magia com uma criança com genes humanos. só podem regressar se, quando olharem nos olhos do seu bebé, as memórias continuarem intactas. 

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