um desafio um pouco mais desafiante
hoje desafio-vos a escrever um texto sem uma única letra "a", no máximo, em 100 palavras.
NOTA: este desafio teve início a 1 de Novembro de 2020 e será deixado a vogar pela blogosfera
para todos os que lhe quiserem dar continuidade.
IMPORTANTE: publica o link deste post, para quem nos lê ter acesso a todos os textos.
mesmo quem não é desafiado formalmente, pode entrar no desafio.
o povo ergue-se unido
sem norte nem sorte fugiu
professores de como viver em grupo.
ASCENDENTE, PARA QUE O MAIS RECENTE SEJA SEMPRE O PRIMEIRO.
Recordo o doce gesto que me estremeceu, o teu corpo no meu, envolvidos.
Começou num lento peso doble, lento beso doble, lento, e logo eu estendendo-me no teu seio, entregue nesse ir e vir dolente que foi o teu. Tremi sentindo-te forte, duro, o meu corpo derretendo-se sob o teu peso, premido, premente... Nisto minutos esquecidos, tu e eu e os sussurros perdidos entre corpos, entre nós.
De súbito, o frio que me quedou inerte e informe. Ergueste-te e foste-te, e nem um último vislumbre, os meus sentidos sem norte, o meu corpo sem sorte estendido sem rumo.
Fiquei, só.
“Difícil, difícil”, diz Jerónimo. Os olhos pequenos, pouco serenos.
Com todo o entendimento, consome minutos no imprescindível e forçoso discernimento.
O bigode pomposo, trémulo com os movimentos, conivente com o seu rebuliço interior, é reflexo óbvio do momento decisivo.
Entrementes, o tempo correu, sem que surgisse o desenredo.
Corroído, Jerónimo, socorre-se do seu último recurso:
“Edite”, diz em voz doce, “luz do meu ser, que me dizes?”
Edite reflecte um breve momento. Com um brilho nos olhos escuros, depõe um ósculo doce no rosto de Jerónimo e firme responde:
“Veste o cinzento. Só Deus entende esse teu gosto por verde!”
Sumiu! Uns dizem que fugiu. Outros dizem que pulou de um precipício. Todos querem descobrir onde esteve, com quem privou, o que disse.
O D ofereceu-se como detetive, o C chorou, o R riu e o Z... zzzzzzz.
Dizem que cultivou inimigos por ser pioneiro, fez fretes e ficou sem emprego. Perdeu o privilégio, teve o orgulho ferido.
O M disse que foi excesso de mimo, o I considerou incrível, o H disse que terminou num hospício, o F ficou em silêncio e o K... kkkkkkk.
O B chegou, presunçoso, e quis ser o primeiro. Quis ser o chefe e propôs que o grupo fosse descrito como Belfebeto. O W desconfiou.
“O que o grupo quer é um líder!”, disse o L. “Concordo”, disse o N. “Temos de ser criteriosos”, sublinhou o T.
O R preferiu que fosse ele o rei. O E elogiou-o. O G gostou do gesto. O I disse: impossível! O J revirou os olhos e o X ficou em xeque.
O O, que sempre foi bom de ouvir, disse: "esperemos por ele". O grupo consentiu.
“Ele deve volver”, disse o V. “Ele é único”, exprimiu o U. “Sem ele somos ninguém”, reconheceu o Q. O Y corou.
Minutos depois, o S revelou o segredo: ele fugiu deste texto, precisou de um tempo. No próximo, promete o regresso.
O grupo respirou fundo e seguiu em frente.
Que exercício incrível este
em que fui enfim incluído
Escrever como num teste
Um texto bem construído.
Conseguirei eu o dito
De escrever sem mote
Creio conseguir o fito
De dizer tudo sem lote.
Com o niquinho presente
Espero enfim responder!
Foi duro dizer: em frente
É tempo de me render.
Sei que sim...
Que o vento me fez leve,
E só lhe peço que me leve,
Sempre que lhe pedir...
Sempre que te quiser ver.
Sem restrições,
Sem pôr freio ou condições.
Ensejo meu,
Desejo nosso.
Tontice sem fim,
E um beijo gostoso.
Este dois mil e vinte que decresce sem escrúpulos. Que difícil foi…
Que muitos sonhos nos deixou… Muitos momentos bons e felizes nos roubou.
E o que nos deu em retorno? Tempo livre, gente que nos é tudo, textos bonitos e bem escritos e crescimento. E só por isso foi bom…
trouxe crescimento que pode doer e pode endurecer. Que nos permite ser melhor desde que o deixemos suceder sem medo.
Que este novembro e o frio que com ele vem cheguem com fé e desfrutemos dele em todo o momento. Porque dois mil e vinte foi duro e enorme!
QUERER
Digo que te quero, e pergunto se me queres
Nuvens correm no céu, e tu sem responderes
Choro, sofro e pergunto, sem ti, serei zero?
Resistirei!
Eu quero ser feliz sem ti.
Outono que vens,
Em tropeços de sol e nuvem,
Em esquecimentos que te ouvem
Os silêncios reféns.
Frio, vento, nevoeiro,
Todo um céu inteiro
perdido em esquecimento
do sol posto num momento.
E neste Outono sem fim,
escrevo estes versos,
em semente dispersos,
Novembro, berço de mim.